
Nos últimos anos, falar de ESG era quase obrigatório no mundo corporativo. A sigla, do inglês Environmental, Social and Governance, entrou nos discursos, nos relatórios e até nos slogans de muitas companhias.
Mas, recentemente, a pauta parece ter perdido tração.
Com a guinada conservadora no governo dos Estados Unidos, muitas empresas abandonaram publicamente seus compromissos com temas ligados à área.
O Google Trends, ferramenta que aponta o que as pessoas mais buscam online, mostra bem essa curva: entre os meses de março de 2020 e de 2024, as buscas pelo termo ESG cresceram mais de 2.400% no Brasil. No entanto, em 2025, o interesse caiu 45%.
Será que o ESG perdeu mesmo a relevância? Ou estamos vivendo uma nova fase, menos focada na hype e mais focada em consistência e resultados?
Ciclos e resistência
Para quem acompanha ESG há mais tempo, esse movimento não chega a ser surpresa.
“O mundo funciona assim. Tem ciclos. Tem momentos em que certos temas ganham força, e outros em que perdem um pouco de tração. A agenda ESG vem desde os anos 80. Não começou agora, e também não vai terminar.” A explicação é de Marcio Lino, mentor da Top2You e executivo com 30 anos de experiência na área de ESG, planejamento estratégico e operação.
Segundo ele, a pandemia foi um desses pontos de virada. “A gente viveu uma situação de fragilidade coletiva. E quando isso acontece, as pessoas param para pensar no que realmente importa. A ética, o capital social, o meio ambiente ganharam espaço. Mas, passada a crise, o ciclo muda.”
A conjuntura política também pesa.
Com governos mais conservadores assumindo posições de destaque mundo afora e um cenário de instabilidade econômica e política se desenhando, muitas empresas começaram a reavaliar suas prioridades, discursos e posturas.
É por isso que, para Marcio, o ponto central é reconhecer que o assunto é mais complexo e exige um movimento de conscientização.
O discurso e a prática
De acordo com uma pesquisa da Ecolab, 78% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. Mas só 58% acreditam que as empresas estejam realmente avançando nesse sentido.
E segundo Marcio, essa percepção do público vem da falta de engajamento genuíno das companhias
“Tem muita gente que faz só porque virou meta. Não porque acredita.”
Para que o ESG seja mais do que discurso e se torne efetivo dentro das organizações, é preciso mais do que planos e relatórios. É necessário mobilizar pessoas.
E isso começa no topo: com a alta liderança comprometida em transformar o tema em uma diretriz estratégica.
Desenvolver essa consciência em líderes e equipes é o que diferencia as empresas que apenas reproduzem práticas ESG daquelas que realmente integram esses princípios em suas decisões e operações.
Mas como fazer isso?
“É preciso mostrar os benefícios, mostrar o valor disso no longo prazo. Ninguém vai abrir mão dos indicadores financeiros, mas é possível criar um modelo mais equilibrado”, sugere o mentor.
Entre os principais benefícios que podem ser apontados, estão:
- Acesso a capital e investimentos: fundos de investimento estão cada vez mais atentos aos critérios ESG na hora de alocar recursos.
- Atratividade para talentos: profissionais, especialmente os mais jovens, preferem trabalhar em empresas com propósito claro e compromisso com impacto positivo.
- Reputação e confiança: marcas alinhadas com boas práticas ambientais, sociais e de governança fortalecem sua imagem e se conectam melhor com consumidores.
- Eficiência e inovação: processos sustentáveis muitas vezes resultam em economia de recursos, redução de desperdícios e estímulo à inovação.
- Vantagem competitiva de longo prazo: organizações com visão sustentável tendem a se adaptar melhor a mudanças regulatórias, pressões de mercado e transformações sociais.
Por outro lado, ignorar o ESG traz riscos:
- Perda de valor de marca: escândalos ambientais, trabalhistas ou de má governança corroem a reputação e afetam diretamente os resultados.
- Exclusão de cadeias globais: empresas que não se alinham a critérios sustentáveis podem ser descartadas por parceiros internacionais.
- Multas e sanções: legislações ambientais e trabalhistas estão mais rigorosas, e o descumprimento pode gerar penalizações severas.
- Desgaste interno: culturas organizacionais pouco alinhadas a valores ESG enfrentam mais rotatividade, engajamento baixo e conflitos éticos.
- Risco de inviabilidade do próprio negócio: ao explorar de forma predatória os recursos naturais ou ignorar o impacto social, a empresa compromete sua própria sobrevivência.
Todos esses pontos nos dizem que é preciso posicionar as práticas de ESG como o que realmente são: uma questão de sobrevivência. Não apenas das próprias empresas, mas do planeta.
ESG não é um modismo. É sobrevivência
O ESG não está morrendo, mas está exigindo mais. Mais profundidade, mais preparo, mais conexão com a realidade de cada negócio.
É por isso que o desenvolvimento de líderes preparados para esse novo ciclo é urgente. E a mentoria pode ser uma grande aliada nesse processo!
Ao conectar profissionais a grandes referências do mercado, a Top2You ajuda a formar lideranças mais conscientes, estrategistas e prontas para transformar intenções em ações com impacto real.
Quem trabalha com desenvolvimento humano, cultura e liderança precisa puxar esse debate.
ESG é sobre o impacto que as empresas e lideranças decidem causam no mundo. Que impacto você está gerando?