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A solidão da liderança negra

Por top2you

O Brasil é um país majoritariamente negro: 55,5% da população se declara preta ou parda, segundo o IBGE. Ainda assim, quanto mais alto o cargo, mais branca é a liderança.

De acordo com o Instituto Ethos, pessoas negras ocupam apenas 13,8% das diretorias e 5,9% dos conselhos das maiores empresas do país. Já nos cargos de entrada, como trainees e estagiários, esses percentuais saltam para 70,8% e 60,8%.

Os números mostram claramente como a trajetória dos profissionais que não são brancos se estreita conforme a escada corporativa avança.

E para aqueles que, apesar de todas as barreiras impostas, conseguem chegar ao topo, a conquista muitas vezes vem acompanhada do sabor amargo do isolamento.

O isolamento não é individual, é estrutural

A solidão da liderança negra é resultado de um sistema que historicamente limitou o acesso, o pertencimento e a legitimidade dessas vozes, e ainda impõe a exclusão e a deslegitimação.

“Há um número muito pequeno de pessoas negras em posição de média e alta liderança, e esses poucos, muitas vezes, como consequência do racismo estrutural, ficam isolados nos seus mundos”, diz Claudionor Alves, mentor Top2You e diretor sênior de equidade racial, inclusão & diversidade e relações institucionais no Carrefour Brasil. 

Sandra Barbosa, executiva do mercado financeiro, empresária, conselheira e mentora Top2You, descreve o fenômeno como uma combinação de fatores: baixa representatividade em cargos estratégicos, processos de promoção pouco transparentes e a exclusão das rodas informais onde decisões são tomadas. 

“Culturalmente, ainda predomina um modelo de liderança associado a códigos de comportamento da branquitude, exigindo que líderes negros ajustem constantemente sua expressão para serem legitimados. Isso intensifica a pressão por provar competência continuamente”, diz a mentora. 

Assim, ela explica, a solidão não é apenas física, é simbólica e emocional: “É não se sentir plenamente visto, ouvido ou incluído, mesmo estando presente”. 

O papel das empresas na quebra desse ciclo

Já tendo sido a única mulher negra em um grupo de executivos brancos, Sandra conta que precisou ajustar seus próprios gostos pessoais para participar de conversas. Além disso, enquanto via pares sendo treinados e orientados, precisou se afirmar sem o preparo e o acompanhamento oferecido aos colegas. 

A lição que ela carrega dessa vivência é que “pertencimento não deveria exigir adaptação identitária. Liderança sem suporte é sobrevivência, e sobrevivência não deveria ser requisito para liderar”.

Esse suporte não depende apenas de discursos, mas de coragem, por parte das empresas, para transformar estruturas e mentalidades.

Para isso, Claudionor defende que as organizações sejam propositivas: “Devem trabalhar com recrutamento intencional e campanhas de conscientização, além de ter políticas claras sobre inclusão e diversidade, com previsão de sanções àqueles que praticarem atos discriminatórios.”

E Sandra reforça que é necessário não só contratar talentos negros, mas sustentar sua permanência. “Construir liderança diversa não é apenas incluir pessoas diferentes, mas permitir que elas permaneçam sendo quem são.”

Sabedoria de quem rompeu o isolamento

Enquanto todos nós, enquanto sociedade, devemos lutar contra o racismo e a injustiça, os mentores compartilham aprendizados que podem servir como faróis para quem sente a solidão da liderança negra. 

“Sejam perseverantes e trabalhem na manutenção de bons relacionamentos. A leitura de cenário é algo que vejo como instrumento fundamental para trabalharmos na construção de boas relações e tornar o ambiente mais saudável”, indica Claudionor.

Sandra incentiva o aprendizado contínuo — não para provar algo, mas para fortalecer a própria confiança. E enfatiza: “Construa seu estilo de liderança sem tentar caber em moldes que não foram pensados para você. Persista, mesmo quando o reconhecimento não chegar imediatamente. Quando você se torna referência, o espaço deixa de ser concessão e passa a ser consequência.”

Mentoria para não caminhar só

Na Top2You, a mentoria é entendida como um instrumento de transformação individual e coletiva.

Na troca com um mentor experiente, o mentorado encontra não apenas direcionamento sobre desafios atuais e próximos passos de sua carreira, mas também validação — o reconhecimento de que sua trajetória é legítima, potente e necessária.

Claudionor explica que, em ambientes onde as oportunidades ainda são oferecidas majoritariamente a quem se parece com os tomadores de decisão — em sua maioria, pessoas que não são negras —, ter uma rede de mentores pode ser o diferencial entre permanecer isolado e se desenvolver para conquistar visibilidade.

Sandra complementa: “A mentoria cria um espaço seguro, onde o líder pode se expressar sem se preocupar em estar sempre se defendendo ou provando algo. Quando o próprio mentorado escolhe quem irá acompanhá-lo, há um alinhamento de confiança e identificação que faz toda a diferença.”

É nesse espaço de diálogo e aprendizado que a mentoria pode impulsionar agendas de diversidade e pipelines de liderança, transformando a experiência solitária da liderança em um percurso de fortalecimento, escuta e pertencimento. Se você quer aprofundar esse tema dentro da sua empresa e dar aos seus talentos a oportunidade de conversar com mentores como Claudionor e Sandra, solicite um contato do nosso time.