Ele permaneceu na companhia por cerca de nove anos anos. Nesse período foi transferido para uma empresa parceira do grupo, a inglesa United Biscuits.
“Lá, a gente recebia profissionais de vários lugares do mundo. Era um ambiente de diversidade cultural intensa. Aquela vivência me ensinou, principalmente, a valorizar o diferente como fonte de aprendizado e crescimento”, relembra.
Nessa época, ele recebeu outra orientação preciosa de um mentor. Seu gerente geral na época disse que ninguém se comparava a ele na engenharia técnica, mas que ele era “ruim de gente”.
“Fiquei sem entender. Respondi: ‘Mas todo mundo gosta de mim!’. E ele: ‘Não é questão de gostar. É saber gerir talentos e impulsionar as pessoas a crescer. Talento é o que faz diferença na empresa’”.
A partir dali, com 29 anos, Sizenando começou a entender o que era gestão de pessoas — criar ambientes seguros, onde as pessoas se sintam confortáveis, confiantes para produzir e se desenvolver.
Mudando a rota
Em 1995, Sizenando recebeu um convite para atuar na área de operações da PepsiCo, onde passou três anos e liderou a transição da franquia para a operação própria da PepsiCo no Brasil.
Seu próximo passo foi na Warner Lambert, dona de marcas fortes como Chicletes, Babaloo, Halls, Lipitor, Listerina entre outras. Na companhia, assumiu a cadeira de gerente regional de planejamento financeiro do Mercosul.
“Saí de operações e caí direto em finanças. Precisei fechar balanços, analisar fluxo de caixa. No começo fiquei receoso. Tudo o que eu só conhecia na teoria, por ter feito um MBA na área, virou prática”, recorda.
Além de se apoiar no que aprendeu na pós-graduação, mergulhou na literatura financeira. Na primeira semana de trabalho, comprou uns dez livros sobre o tema. “Me apaixonei por finanças. Em pouco tempo, já sabia mais do que muita gente que tinha 20 ou 30 anos na área.”
Acelerando a carreira na BP
Em 1999, depois de dois anos na Warner Lambert, Sizenando foi convidado para trabalhar no grupo BP. “Foi lá que encontrei uma empresa cujos valores batiam com os meus. Fiz transformações grandes a cada três anos e ocupei seis cargos diferentes, começando como diretor de operações da Castrol Brasil.”
Passou 20 anos na BP, com quase metade do tempo atuando fora do país. Quando deixou a companhia, era o responsável pela maior operação de lubrificantes do mundo, com a diretoria de supply chain para Estados Unidos, Canadá e toda a logística das Américas.
Ele se aposentou da BP em 2019. Ainda nos Estados Unidos, montou uma consultoria e, em 2021, voltou para o Brasil, onde fundou outra empresa do mesmo segmento.
Agora, vendo a sua carreira em multinacionais no retrovisor, Sizenando afirma que o mais importante é saber ouvir, se relacionar e gerenciar pessoas.
“Sempre que eu assumia uma nova posição ou mudava de companhia, minha primeira ação era escutar as pessoas. Quem não tem paciência para ouvir jamais vai conseguir gerenciar pessoas”, afirma.
Mentoria: desenvolvendo novas mentalidades
A vocação para ensinar vem de berço. Seu avô, Sizenando Ferreira de Souza, foi um educador respeitado, fundou escola, tem uma rua com seu nome e instituições culturais em Conceição do Coité, cidade natal de sua mãe na Bahia.
Sizenando seguiu esse caminho: foi professor universitário, professor de cursinho e, hoje, é advisor de companhias e mentor de alto impacto na Top2You.
Para ele, mentoria não é dar respostas prontas. “Mentoria é construir mudança na maneira de pensar. É provocar a reflexão e criar espaço seguro para a pessoa reconhecer seus desafios e evoluir.”
Para isso, usa exemplos próximos da realidade do mentorado, evita discursos inalcançáveis e adapta a linguagem conforme a experiência do interlocutor.
Ele também defende a assertividade como elemento de transformação. “Não deixo o elefante na sala. Se tem algo travando, a gente precisa falar sobre isso.”
E quem se conecta com Sizenando nas mentorias encontra um mentor que escuta com profundidade, desafia com respeito e compartilha experiências com grande generosidade.