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Tania Almeida: diálogo, entendimento e negociação

Por top2you

Ao longo de cinco décadas de carreira, Tania Almeida transitou pela medicina, pela terapia familiar e pela facilitação de diálogos em situações de crise, até se tornar referência em mediação no Brasil.

Médica neurologista formada pela Universidade Gama Filho, iniciou na neurologia e na psiquiatria infantojuvenil. 

Com o tempo, percebeu que preferia conversar com as pessoas, ao invés de oferecer apenas intervenções clínicas. Essa inclinação a levou para a terapia de crianças e adolescentes e, em seguida, já nos anos 1980, para a terapia de família.

Dos litígios em famílias à mediação

Em 1992, Tania assistiu a uma palestra sobre mediação, atividade que se tornaria um divisor de águas na sua carreira. “Saí encantada e cheia de perguntas. Pouco depois, a Fundación Interfas, onde eu já estudava terapia de família e teoria sistêmica, foi credenciada pelo Ministério da Justiça argentino para capacitar mediadores. Como já era discente na instituição, fui convidada a participar do curso”, lembra.

Nos cinco anos seguintes, Tania estudou diferentes modelos e distintos temas em Mediação, em países como Argentina, Espanha, Estados Unidos e Canadá.

Em 1997, fundou o MEDIARE, a segunda instituição brasileira a trabalhar com mediação. No mesmo ano também participou da fundação e governança do Conselho Nacional das Instituições de Mediação, onde permaneceu até 2023.

“Foi a mediação que me ensinou que é nas conversas que tudo acontece. É no diálogo que construímos convivência, entendimento e soluções sustentáveis”, afirma.

A participação no Banco Mundial

Entre 2010 e 2020, Tania integrou o setor de Mediação  de Conflitos do Banco Mundial para a América Latina, tornando-se responsável por casos que envolviam múltiplas culturas, diferentes níveis hierárquicos e interesses complexos.

Até então, o setor de Mediação  do Banco era centralizado em Washington, mas em 2010 iniciou processo de descentralização. O Brasil e a América Latina foram os primeiros a receber essa estrutura fora da sede, e Tania participou de um processo seletivo para integrar um grupo de cinco mediadores latino-americanos.

Aprovada, ela ficou responsável pelas instituições do banco sediadas no Brasil, enquanto os outros quatro mediadores cuidavam de diferentes países da região.

“A maioria dos casos era de gap na comunicação: um e-mail entendido como agressivo, um comentário interpretado como desrespeitoso. Esse era o desafio: colocar culturas diferentes na mesma mesa”, relembra.

Em 2020, o mesmo ano em que completou 70 anos, Tania percebeu que estava acumulando muitas funções e precisava escolher a que se dedicar,  além de sua própria empresa.

“Escrevi uma carta ao Banco e minha saída foi recebida com surpresa, porque não é um lugar de onde se peça para sair. Mas foi uma decisão voltada a priorizar outros pilares profissionais”, diz.

A mentora de soft skills

Na sua nova fase de carreira, em que busca mais tempo e controle de sua rotina, Tania foi convidada para dar mentorias executivas. Ela acredita que as habilidades que aprendeu com a sua longa carreira são importantes não apenas para resolver conflitos complexos, mas também para fortalecer lideranças e relações no mundo corporativo.

“Muitos mentorados chegam em transição de carreira ou diante de novos desafios de liderança. Eles descobrem que precisam ampliar essas competências (habilidades socioemocionais), que não foram ensinadas na formação técnica. São habilidades essenciais para o mundo contemporâneo — e também para a vida”, explica.

Tania ajuda executivos a aprimorarem suas soft skills, sempre lembrando que esse aprendizado não deve ficar restrito ao ambiente corporativo: “Se não for útil em casa, na família, com os amigos, também não será no trabalho. Aprimorar habilidades, como comunicação interpessoal, é um exercício diário e transversal”.

Aos 75 anos, Tania também é autora do livro Caixa de Ferramentas em Mediação: aportes práticos e teóricos, organizadora do Caixa de Ferramentas II e da obra Mediação de Conflitos para iniciantes, praticantes e docentes.

Suas reflexões circulam também no LinkedIn, onde mantém a newsletter Short Talks sobre Soft Skills.