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Ser pai muda tudo (menos o olhar das empresas)

Por top2you

Ainda há um descompasso entre o impacto real da parentalidade na vida das pessoas e o espaço que ocupa nas conversas, políticas e práticas corporativas.

No caso das mulheres, a maternidade costuma ser atravessada por desconfianças. Mesmo quando há apoio institucional, muitas enfrentam olhares que questionam seu comprometimento, sua ambição ou sua disponibilidade. Algumas lidam com a estagnação na carreira, outras com o risco de demissão após o retorno da licença. 

Para os homens, o caminho é outro — mas igualmente marcado por invisibilidade. Em muitas empresas, não se espera que a paternidade altere nada. A chegada de um filho não é considerada como um marco na trajetória do profissional. A licença é curta. O acolhimento, inexistente. 

O silêncio institucional transmite uma ideia: o trabalho continua sendo sua prioridade absoluta.

Essa negligência com a experiência da paternidade não é neutra. Quando o pai não é estimulado ou autorizado a participar de forma ativa do cuidado, a sobrecarga recai sobre o restante da família. 

A ausência de políticas que legitimam a presença paterna não só prejudica a conexão dos pais com os filhos, mas ainda perpetua a desigualdade de gênero dentro e fora do ambiente de trabalho.

Apoio à parentalidade pode ser ativo estratégico

Reconhecer a paternidade como parte da identidade profissional não significa diminuir as exigências de performance, mas entender que um profissional presente e inteiro fora do trabalho tem mais chance de estar presente e inteiro dentro dele também. 

Companhias que, por exemplo, estendem a licença-paternidade além dos mínimos cinco dias e flexibilizam horários no retorno contribuem para uma cultura mais humana, equitativa e madura.

A escuta, o acolhimento e o espaço para adaptação importam — e se tornam ainda mais relevantes quando falamos de culturas corporativas que desejam ser mais diversas, inclusivas e conectadas à realidade dos seus times.

Esse movimento também faz sentido do ponto de vista estratégico. 

Segundo o Radar da Parentalidade, pesquisa conduzida pela consultoria Filhos no Currículo e pelo Talenses Group em parceria com o Movimento Mulher 360, oito em cada dez homens consideram a licença-paternidade insuficiente

Essa insatisfação tem consequências: 69% dos trabalhadores que desejam ser pais dizem que uma licença-paternidade estendida seria um fator relevante para permanecer ou trocar de emprego

Ou seja, negligenciar esse tema pode significar não apenas um risco de sobrecarga e desequilíbrio, mas também de perda de talentos

Em um contexto em que engajamento e retenção são prioridades para os negócios, apoiar a parentalidade não é apenas uma questão ética, mas uma alavanca de valor.

Ser pai transforma

Ao contrário do que muitos imaginam, a paternidade não é uma distração do trabalho, mas pode ser uma fonte potente de transformação pessoal e profissional

Muitos homens relatam que se tornaram líderes mais empáticos, presentes e conscientes a partir dessa vivência. Alguns dos mentores da Top2You comentaram sobre o tema. 

Para Jair Moggi “ser pai e mentor é ter a responsabilidade, a honra e a gratidão por poder inspirar outros pais, mães, filhos e filhas que o destino colocou no meu caminho.” A paternidade, aqui, aparece como um ponto de conexão entre gerações e como uma forma de exercer impacto.

Francisco Milagres compartilha essa visão, reforçando a importância da coerência entre atitudes e valores. “A paternidade para mim representa a missão de sempre servir como exemplo para meu filho. Ele me acompanha em viagens e palestras, e vê que tudo exige muito estudo. Por outro lado, quando estou com ele, ele deve sempre ter a certeza que estou 100% com ele e o trabalho é só parte da minha vida e não a prioridade.”

A transmissão de valores também está no centro da fala de Marcos Felipe Magalhães. Para ele, o papel do pai e do mentor se entrelaçam quando há um compromisso genuíno com o legado. “Um pai se torna um verdadeiro mentor quando consegue transmitir os ensinamentos valiosos que um dia recebeu de seu próprio pai. Essa corrente de sabedoria representa não apenas a continuidade de princípios, mas também a construção de um legado duradouro de amor e orientação.” 

Já Alberto Couto chama atenção para o que as empresas ainda falham em reconhecer. “A paternidade contribui para aumentar a humildade ao perceber quanto os filhos são mais espertos que os pais. E é curioso como as empresas só celebram a paternidade enquanto a criança é pequena; depois disso, é como se ela deixasse de existir.” A fala mostra a superficialidade com que o tema ainda é tratado — como se o papel do pai tivesse prazo de validade.Essas perspectivas apontam que a experiência de ser pai pode — e muitas vezes deve — inspirar uma forma mais significativa de liderar, e que o ambiente de trabalho precisa acompanhar essa transformação: não só com homenagens sazonais, mas com políticas estruturadas, cultura acolhedora e líderes preparados para sustentar conversas sobre tempo, cuidado e presença.