
Imagine um líder à beira do colapso. Agenda lotada, decisões urgentes, demandas emocionais de todos os lados.
Agora imagine essa mesma pessoa com consciência de seus limites, capaz de respirar fundo antes de reagir, de ouvir de verdade antes de responder.
O que separa esses dois perfis não é apenas experiência ou conhecimento técnico. É a inteligência emocional, a habilidade de se conhecer e se regular emocionalmente em meio ao caos.
No segundo episódio do podcast da Top2You, o Diálogos que Desafiam, Angela Estellita, psicóloga, Diretora de Pessoas e Cultura e mentora Top2You, falou como o autoconhecimento e a autorregulação emocional são, hoje, pré-requisitos para uma liderança equilibrada e efetiva.
Essa conversa toca em um ponto importante para as lideranças: em tempos de instabilidade, cobrança por performance e contextos de trabalho cada vez mais complexos, não basta entender de negócio.
É preciso entender de gente, começando por si mesmo.
Soft skill ou sobrevivência?
Durante muito tempo, a inteligência emocional foi vista como um diferencial. Algo desejável, mas não essencial. Uma soft skill.
Mas o que Angela propõe é uma mudança de perspectiva: estamos falando de uma habilidade de sobrevivência corporativa, principalmente em cenários de constante transformação.
“Toda a área que a gente chama de inteligência emocional começa pelo autoconhecimento, e a autorregulação começa em tomar consciência do que está sentindo. Se você não reconhece o que sente, a emoção se intensifica e toma conta de você”, explica Ângela.
Quando isso acontece, muitas vezes, vemos líderes emocionalmente reativos, descompensados, sobrecarregados e que transferem essas tensões para os times.
Gestores que não autorregulam seus sentimentos podem criar ambientes instáveis e imprevisíveis, onde prevalecem o medo, a insegurança e o desgaste emocional.
Em vez de proteção e direcionamento, suas equipes recebem críticas abruptas, cobranças desmedidas e uma comunicação violenta.
O resultado não demora a aparecer: pessoas que adoecem mental e emocionalmente, relações desgastadas e profissionais talentosos buscando novas oportunidades, muitas vezes não por insatisfação com o trabalho em si, mas pela forma como são liderados.
Essa realidade se reflete em dados.
Segundo levantamento do LinkedIn com mais de 6 mil profissionais nos Estados Unidos, 7 em cada 10 trabalhadores afirmam que deixariam o emprego caso tivessem um mau chefe.
A média é ainda mais alta entre os mais jovens: 77% dos millennials e 75% da geração Z dizem que um gestor ruim os faria procurar um novo trabalho.
Ou seja, para reter talentos, especialmente os mais jovens, é preciso de líderes emocionalmente maduros, que saibam lidar com suas próprias emoções antes de influenciar o clima emocional de toda a equipe, são indispensáveis.
O equilíbrio que reverbera
“A autorregulação emocional vem de um processo de escuta interior, de conseguir achar o seu eixo e encontrar um ponto de equilíbrio, um lugar interno de onde seja possível transitar entre os estados emocionais.”
De acordo com Ângela, esse equilíbrio emocional, no entanto, não é fruto do acaso. Ele nasce da prática diária de se observar, entender os próprios gatilhos e respeitar os limites do corpo e da mente.
“Você precisa se conhecer, entender seus padrões e manter um contato constante com você mesmo”, ela diz. E completa: “Não existe um estado fixo. Não vamos ficar eternamente ‘zens’ ou em estado de tensão. Mas quando você está, de fato, em controle das suas emoções, consegue navegar entre esses dois pólos.”
Não se trata de ser uma fortaleza impenetrável, mas de aprender a reconhecer quando algo está fora do lugar e saber o que fazer com isso.
Ferramentas para o dia a dia
A boa notícia é que a autorregulação emocional pode ser treinada. E não estamos falando de práticas mirabolantes. Pequenos hábitos fazem diferença:
- Pausas conscientes: um minuto de respiração e relaxamento antes de entrar em uma reunião difícil ou de responder uma mensagem complexa pode mudar o seu estado interno.
- Journaling: escrever sobre os momentos de maior tensão do dia ajuda a identificar padrões emocionais e gatilhos recorrentes.
- Checagem corporal: observar onde e como as emoções se manifestam fisicamente (tensão no maxilar e aceleração do coração, por exemplo) permite agir antes que a emoção “exploda”.
- Autocompaixão: tratar a si mesmo com gentileza nos momentos difíceis não é autopermissividade, é maturidade emocional.
- Feedbacks frequentes: pedir retorno honesto de pares e liderados sobre a forma como se está liderando também é uma ferramenta de autoconhecimento.
Mentoria como caminho para a liderança consciente
Liderar a partir do autoconhecimento não precisa ser tarefa solitária. A mentoria pode ser uma poderosa aliada nesse processo.
Na Top2You, líderes têm acesso a conversas de alto impacto com grandes referências do mercado, como Ângela Estellita.
A proposta do mentoring vai além de orientações pontuais: é um espaço seguro de reflexão e prática, onde o mentorado encontra escuta qualificada, provocações certeiras e ferramentas para ampliar sua autoconsciência e sua capacidade de influência.
Os encontros são personalizados e conectados aos desafios reais de cada profissional, inclusive no que diz respeito à gestão das próprias ações e ao impacto que isso tem sobre suas equipes. Se você quer levar esse instrumento para suas lideranças, entre em contato com a Top2You e desenvolva profissionais mais conscientes, preparados e inspiradores.