Como VP da Michelin para a América do Sul e Central, executivo das Américas pela BP nos Estados Unidos e, hoje, Diretor Geral da Point S no Brasil, Marco Moretta construiu uma carreira liderando grandes operações e acumulando experiências que cruzam fronteiras e setores.
Apaixonado por automóveis, motocicletas e “tudo aquilo que tem motor”, em suas palavras, Marco se formou em engenharia mecânica, mas acabou se interessando por engenharia de produção quando fez um estágio na área.
Não demorou para que se destacasse. Em menos de um ano, foi efetivado. Aos 24 anos, recém-formado, já assumia seu primeiro cargo como supervisor na White Martins. A promoção veio como reconhecimento pelo seu desempenho técnico, iniciativa e habilidade de comunicação com as equipes.
“Foi nesse momento que eu me dei conta da solidão do poder. De uma hora para outra, aqueles que eram seus colegas viraram meus liderados. E, no meu caso, eu tinha que liderar pessoas com o dobro da minha idade e o triplo da minha experiência”, relembra.
Cabia a ele apresentar e implementar mudanças para aumentar a produtividade da fábrica. Mas não bastava mostrar números ou gráficos. Era preciso traduzir metas em propósito, fazer com que cada trabalhador enxergasse valor na transformação da própria rotina.
Foi nessas apresentações que suas lideranças enxergaram algo além do profissional técnico: um olhar estratégico, uma comunicação afiada, uma habilidade natural para o marketing.
Um engenheiro no marketing
“Me chamaram para trabalhar no marketing e eu pensei: ‘Como assim? Sou engenheiro de formação!’ Mas me disseram: ‘Você tem essa competência, vamos pra lá’”, conta.
Na época, ele estava fazendo um MBA em finanças e seu plano era virar gerente da fábrica. Por isso, sua primeira reação foi declinar. Mas, depois, enxergou uma oportunidade.
Aquela proposta era, na verdade, uma forma de acelerar a sua carreira.
Marco seguiu no marketing da White Martins até 1992, quando surgiu o convite para um novo desafio: assumir a gerência de Grupo de Produtos da Castrol.
Nos cinco anos seguintes, mergulhou fundo na operação da marca, liderando o planejamento, a execução e o controle das estratégias, aprovando novos produtos e acompanhando de perto a área de vendas.
Em 1997, recebeu uma proposta para ser o Gerente de Marketing da calçadista Kenner. Aceitou, mas teve um cuidado que se provaria muito importante no seu futuro: “Fiz questão de sair da empresa com muito respeito. Fui transparente com meu chefe, expliquei os motivos, dei aviso prévio e ajudei na transição. E olha só: dois anos depois, aquele mesmo chefe me ligou”.
Do outro lado da linha, um novo convite. A Castrol tinha passado por uma reestruturação global, e o Brasil ganhou um papel mais estratégico na operação. Por isso, o antigo chefe de Marco estava buscando alguém para cuidar de montadoras.
Foi assim que o executivo assumiu a cadeira de Gerente de Vendas e Marketing para o setor de concessionárias e montadoras da América Latina.
Algum tempo depois, a empresa foi comprada pelo grupo inglês BP, e Marco foi trabalhar nos Estados Unidos com atuação em toda a região das Américas.
Foram cerca de três anos fora do país, o suficiente para perceber, ao voltar ao Brasil, que seu nome ganhava cada vez mais tração no mercado. Outras empresas passaram a enxergar valor na bagagem que ele trazia.
Essa visibilidade o levou a ser contratado pela Michelin em 2008. Na multinacional francesa, passou por diversas cadeiras: Diretor de Marketing e Vendas da divisão de pneus de motocicletas, Diretor Comercial e, mais tarde, Diretor Geral da divisão de pneus para automóveis nas Américas do Sul e Central.
Na última função, coordenava uma estrutura robusta que envolvia vendas, marketing, P&D, controle de gestão, supply chain, qualidade e indústria — além de acumular o cargo de Vice-Presidente para a região.
Depois de mais de 10 anos na Michelin, Marco passou a atuar como consultor e conselheiro, até que surgiu o convite para liderar a operação da Point S no Brasil.
A proposta reunia dois elementos que sempre o atraíram: começar algo do zero e, ao mesmo tempo, contar com o respaldo de uma marca sólida.
Com 50 anos de história na França, mas recém-chegada ao Brasil, a Point S era a combinação ideal: nova o suficiente para inovar, estruturada o bastante para crescer.
Hoje, com mais de 30 anos de experiência, passagens por multinacionais de peso e projetos que atravessam fronteiras e setores, Marco mantém o entusiasmo de quem acabou de dar a largada. “Na Point S somos uma equipe pequena. Tem dia que estou trocando lâmpada, outro dia estou fazendo apresentação para a matriz. Parece startup, e eu adoro isso.”
Esse espírito inquieto, de quem não se acomoda nem se apega ao status, é o que move Marco. Para ele, além de crescer dentro de uma empresa, é essencial crescer como profissional com autonomia, consistência e propósito.
Mentoria: devolvendo o que recebeu
Desde 2017, Marco atua como mentor da Top2You, o que o torna um dos primeiros a embarcar nesse projeto.
“Quando era mais jovem, eu já gostava de trocar, conversar com meus liderados, falar sobre carreira. Hoje, sinto que tenho muito conhecimento acumulado. Não quero que isso acabe comigo. Quero passar para frente.”
E passa com paixão, clareza e empatia. “Às vezes, na mentoria, eu vejo a pessoa descrevendo um problema que vivi anos atrás. A gente quase chora junto. Quando isso acontece, eu saio da sessão flutuando. É muito recompensador.”
Mais do que estratégias e técnicas, Marco compartilha o que não está nos manuais: os dilemas silenciosos da liderança, as curvas inesperadas da carreira, os conflitos internos, os tropeços e os recomeços.
“As pessoas têm muito medo. Ser líder ainda é o grande desafio. E é aí que a mentoria pode fazer toda a diferença, porque podemos compartilhar nossas histórias, com seus erros e acertos, e inspirar outras pessoas.”