
Quantas pessoas com síndrome de Down já trabalharam com você? Com quantas delas você estudou, conversou ou mesmo reparou no último ano?
Se você teve dificuldade para responder, infelizmente, isso é comum.
Renata Dourado, ex-diretora de RH e mentora da Top2You, é mãe do Gabriel, que tem síndrome de Down, e conta como a chegada dele transformou seu olhar sobre o mundo.
“Antes do Gabriel, eu não enxergava pessoas com deficiência. Elas existiam, mas eu não olhava. E isso me fez perceber: quantas outras pessoas também não enxergam? São mais de 14 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. Para onde estamos olhando esse tempo todo?”, questiona.
O Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado em 21 de março, é um chamado para refletirmos sobre inclusão, respeito e participação de pessoas com essa condição genética no mercado de trabalho.
Síndrome de Down x mundo corporativo
Segundo o IBGE, cerca de 300 mil brasileiros têm síndrome de Down. Apesar disso, a presença deles no mundo profissional ainda é mínima.
Mesmo com a Lei de Cotas (8.213/91) determinando que empresas com 100 ou mais funcionários reservem um percentual de vagas para pessoas com deficiência (PcDs), o que vemos na prática é que a contratação sozinha não resolve o problema.
Na verdade, para cumprir a cota, muitos empregadores, querem “escolher” entre deficiências.
Enquanto 37% das pessoas com deficiência visual estavam empregadas em 2019, apenas 5,3% das pessoas com deficiência intelectual, incluindo síndrome de Down, tinham uma ocupação profissional, de acordo com o IBGE.
E quando são admitidos, muitos não encontram suporte, não recebem capacitação e não têm um ambiente preparado para acolhê-los. Com isso, podem acabar excluídos, sem perspectivas de crescimento.
O problema vem do topo
A principal barreira não está na capacidade das pessoas com deficiência, mas na mentalidade das lideranças.
Renata conta que algumas empresas querem contratar um PcD só para mostrar que são diversas. Elas colocam o colaborador em uma função operacional e acham que isso basta.
Mas isso não é inclusão. É assistencialismo. É marketing.
“Muitos gestores não sabem lidar com profissionais diversos porque nunca conviveram com eles e não se preparam para recebê-los. O resultado é que a pessoa contratada se sente isolada e acaba saindo”, explica Renata.
O pior? Muitas empresas justificam essa falha dizendo que o problema é “falta de adaptação” do colaborador. Mas a verdade é que a ausência de acessibilidade, de ferramentas adequadas e de um olhar atento da liderança faz com que esses talentos sejam desperdiçados.
É por isso que, para que uma pessoa com síndrome de Down tenha uma experiência profissional real, é preciso muito mais do que uma vaga.
Trata-se de criar ambientes onde haja autonomia e oportunidades de crescimento para todos, e isso pode começar com o entendimento das particularidades e capacidades de cada um.
Renata usa seu filho como exemplo. “Não posso ficar pensando no que falta no Gabriel. Eu vejo coisas incríveis nele, e se eu focar nelas e desenvolvê-las, haverá resultado. Isso vale para qualquer pessoa. Todos temos deficiências em alguma coisa. O que muda é quem está disposto a apoiar a gente para melhorar.”
A partir desse entendimento, é preciso repensar tudo: onboarding, treinamento, fluxo de atividades e até o próprio espaço físico de trabalho. Sem isso, a inclusão não acontece.
Inclusão de verdade exige compromisso
Ter equipes diversas não é apenas uma questão de justiça social. Empresas que realmente abraçam a inclusão ganham times mais inovadores, criativos e produtivos.
Profissionais com diferentes experiências e perspectivas contribuem para soluções mais completas, ajudam a ampliar a visão de negócios e fortalecem a cultura organizacional.
Pessoas com síndrome de Down, assim como qualquer outro profissional, têm habilidades únicas que podem agregar valor à empresa.
Mas, para que essa inclusão seja efetiva, é preciso ir além da contratação e garantir que esses talentos tenham condições de desenvolver seu potencial.
Aqui estão algumas iniciativas que podem guiar essa jornada de transformação:
- Acessibilidade física: o espaço precisa permitir que todos circulem e trabalhem com autonomia.
- Tecnologia assistiva: pode ser necessário ter ferramentas que facilitem a comunicação e a execução de tarefas.
- Conscientização das equipes: os colegas também precisam estar preparados para trabalhar com a diversidade.
- Combate ao capacitismo: não dá para tratar profissionais com deficiência como se fossem menos capazes.
- Apoio e desenvolvimento: contratar é apenas o começo; essas pessoas precisam de planos de carreira e oportunidades reais de crescimento.
Liderança bem preparada faz toda a diferença
Falar sobre diversidade é fácil. O desafio real está em construir uma cultura onde a inclusão não seja apenas um compromisso institucional, mas uma prática diária que impulsiona inovação, engajamento e crescimento.
Para isso, é preciso que os líderes estejam preparados – e é aí que a Top2You entra em ação.
Com mentorias estruturadas e altamente personalizadas, a Top2You acelera o desenvolvimento dos gestores, ajudando-os a aprimorar as habilidades necessárias para liderar times diversos e transformar a inclusão em um diferencial competitivo.
Mais do que letramento, os mentores To2You oferecem experiências reais e orientações sob medida para cada desafio.
“São os líderes que precisam mudar, e a mentoria tem um papel fundamental para ajudar a formar líderes que saibam lidar com realidades diferentes das deles”, reforça Renata. Se sua empresa quer construir uma cultura inclusiva de verdade, o caminho começa pelo topo. E nós podemos te ajudar a chegar lá.